E se esvai no momento seguinte...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Cap 14 - Sonhos

Mergulhei no mundo onírico e despertei no paraíso: uma ilha. Lá havia chuva e sol, mar de baía, botos, barracas. Caminhei até onde eu poderia ficar sentada sozinha, sempre assim: sozinha. Lá do banco de areia eu podia ver as pessoas tão pequenas que pareciam formigas.

Experimentei o mar, estava levemente frio em um primeiro momento, depois de um mergulho ficava delicioso, com as pequenas ondas da baía batendo suavemente na margem, natureza me cercava e de algum modo eu me sentia protegida.

Saí do mar e corri pela praia enquanto o vento levantava uma poeira de areia que deixava rastros ondulados, um espetáculo divino. Chamei o seu nome que eu nem mesmo sabia, corri mais ainda, a noite caiu. Cansada e desiludida, inebriada pela beleza natural e completamente triste por não ter alguém íntimo com quem dividir a paisagem voltei ao camping, e na simples cozinha te encontrei.

Conversa vem e vai, fomos para a praia, apreciamos a madrugada, a companhia um do outro, e quando percebemos vimos o sol nascer lindamente. Nos dias anteriores a chuva tinha castigado as barracas, o que tornava esta aurora ainda mais especial. Senti uma conexão com a vida, contigo, com o amor transcendental que eu nunca tinha experimentado. Você quis ir embora, eu não quis que você fosse. Não queria perder o momento, meu déjà-vu anterior me dizia que você era especial, alguém que eu não poderia deixar ir facilmente, alguém importante para mim. Mas eu não conseguia dizer isso, as palavras pareciam não ser suficientes para expressar o momento, e realmente não eram, agora eu sei. Eu só sorria por sua causa.

Deixei você partir, mas ficou uma promessa atrelada aos 'olhos-de-boi' e quando eu deixei o medo de não te ver de volta me consumir, perguntei se eu deveria persistir e achei o 'olho-de-boi' mais lindo. Carreguei-o em todos os lugares, nos banhos de mar, no chuveiro, debaixo do travesseiro, era uma promessa. Como não te encontrei nos outros dias decidi sair a sua procura, enfrentei mangues, a noite, a insegurança, o meu medo de ser rejeitada de novo por alguém. Errei o caminho mais de uma vez e quando estava quase desistindo encontrei o caminho certo, e você estava lá. E eu não sabia o que dizer, mas entreguei aquele símbolo de promessa, tentando demonstrar o quanto eu queria que continuasse.

De volta parecia que qualquer palavra estragaria o momento, eu só queria ficar ali, ali onde eu finalmente me senti completa como nunca antes me senti, feliz, repleta de amor infinito. Então a chuva veio, lavou meu sonho e o levou para onde eu estava: mais uma vez indo para longe, fugindo. Um lugar que ninguém soubesse quem eu sou, onde eu pudesse recomeçar, mas meu lar estava por perto, eu podia sentir meu coração pulsando forte. Havia uma espécie de ligação invisível entre nós dois, e eu sorri timidamente para o nada. Eu sei que você está aí em algum lugar e eu não vou desistir tão fácil de você.

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