E se esvai no momento seguinte...

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Cap 17 - Tim

Mesmo com a ajuda de Tim as minhas esperanças foram jogadas no lixo. Giuseppe não se casou com a sua noiva prometida, não se casou comigo, não o vi desde que ele foi viajar para longe, com uma proposta de trabalho ele se jogou na aventura de sua vida... Soube que ele se casara com uma nativa das terras além-mar, se é que estas terras existiam!

E eu? Bom, ele me mandou uma carta curta, me agradecendo pelos bons tempos, no maior estilo: prazer fazer negócios com você! (insira o xingamento de sua preferência aqui), eu fiquei a maior parte do tempo entrevada na cama, não comia, não dormia, não sorria, tinha largado a vida e a esperança de vida. Aos poucos fui definhando, perdendo completamente as minhas forças...
Até o dia em que uma libélula entrou no meu quarto.

Fiquei observando-a com olhos distantes, a libélula posou no meu nariz e eu nada fiz. Meu olhar ficou vazio de volta e eu vi a minha história como se fosse um livro, como se fosse de outra pessoa e eu entendi. Entendi que tinha que mudar e que a libélula tinha me libertado, pela primeira vez em meses sorri! Minhas articulações estavam enferrujadas, tudo doía mas era festejado por mim. Eu estava viva! Viva!

Tim me ajudou a recuperar as forças, e sempre me fazia rir com as suas palhaçadas. Onde estaria a minha felicidade? Um dia Tim estava bêbado e me beijou, mas isto só melhorou a nossa amizade. Ele me contava dos caras com quem saía e eu ouvia atentamente enquanto curava mais um coração partido (ou deveria dizer: coração estilhaçado?). Juntei todos os pedaços e me recuperei, decidi mais uma vez partir, afinal, a estrada era irresistível.

Deliro em achar qual foi o ponto da minha jornada em que me perdi dentro de mim.
A loucura (normal que eu não era, não é?) sempre me acompanhou e às vezes até ditou o meu modo de agir.

Voltei a ter esperanças de vida, de mundo. Mas as esperanças de um amor eu deixei em algum lugar em alguma parte da viagem que era a minha vida. Senti que precisava voltar ao início, para a casa que um dia era meu ponto de referência, meu controle, minha vida, minha família. Devia uma explicação à  aqueles que um dia me amaram como filha, irmã, prima. E lá fui, não foi fácil ver a decepção nos olhos dos meus pais mas enfrentei. Mesmo assim eu não poderia ficar ali por muito tempo. Minha fama chegaria até lá em algum momento, algum cliente viajante, algum boato maldoso... Não queria envergonhá-los perante à pacata sociedade hipócrita de outrora.

Não pela última vez eu parti...

31/08/2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Sem vez

Era vez
Era uma mais uma vez
Era a minha vez
E eu perdi
De novo

Era outra vez
E mais uma vez
Contei o tanto de vezes
Que o telefone
Se pôs a chamar

Mas desta vez
Não houve vez
Pois às vezes
Precisamos
Recomeçar