E se esvai no momento seguinte...

sábado, 29 de junho de 2019

Devaneios noturnos

Era uma vez uma moça que vivia em um lugar lindo, mas ela não sentia que pertencia realmente àquele lugar. Sentia-se como um peixe fora d'água, lutando para respirar em uma atmosfera que não era a dela. Buscando se encaixar, mas não encontrava seu lugar. Talvez ela fosse a peça errada de um brinquedo há muito tempo perdido. A última peça que não tinha sido guardada no guarda-roupa.

Sentia-se só, como se o mundo estivesse a engolindo de dentro por fora. Apreciara o pôr do sol e o nascer do sol, a mudança das estações, as chuvas e os eventos estelares, o ciclo das marés, a alegria do começo, a dor da perda. Mas era como se nada disso fosse realmente importante. Faltava amor universal, faltava o sorriso no rosto, aquele que antes era constante e abundante.

Mais do que só sentia-se abandonada, como se seu próprio povo tivesse ido embora e a deixado esquecida para trás...

Até que um dia seu mundo ganhou mais cor quando o conheceu... Ele, ela nunca iria esquecer, daquele brilho no olhar, a sensação da sua pele na dela, o calor dos seus beijos, a tempestade de prazer infindável que advinha de sua presença, seu cheiro, seu gosto. Parecia que nunca era o suficiente.

Ele tinha seu coração, seu desejo, sua loucura atadas à dele. Era recíproco, ela a instigava tanto quanto ele a deixava louca. Não importava o nome que tinha ou não... Era o momento deles, delicado, delicioso, delirante... Nessas horas ela sentia que poderia ser completamente ela mesma, sem medos, sem vergonhas estranhas, sem restrições. E ele sentia o mesmo.

Quando ele se foi, ela se sentiu sozinha de volta, ansiosa por encontrá-lo, nem que fosse no além ou na brevidade de um sonho. Daria tudo para sentir o gosto do seu beijo mais uma vez.

Quando chegou a sua vez, ela abraçou a morte como se fosse uma velha amiga, conversou com ela e pediu conselhos além vida. Ele a estava esperando, não pela última vez.

Como pode um mundo inteiro caber dentro de apenas um abraço?♥️