E se esvai no momento seguinte...

terça-feira, 24 de abril de 2012

Cap. 9 - O Retorno

Sinto escrever após tanto tempo mas eu realmente vivi uma vida diferente com o Matteo, ele me tratava como uma princesa, e eu nunca antes tinha experimentado isto de fato pois eu só fingia que era a princesa. Mas com o Matteo não era assim, eu era a princesa com lábios carmesim. Quando chegamos na estação ele logo foi contando de toda a família, monólogo este que particularmente não lembro, mas era algo como "minha tia tem o costume de perguntar todos os pormenores, meu amigo Micaelo fala pelos cotovelos, a minha sobrinha deve estar com 2 anos já...", ou seja, uma overdose de blábláblás que eu fingi que ouvi e sorri com os olhos toda a vez que era necessário uma manifestação minha.

Conheci a família e ele me apresentou como se eu fosse alguém respeitável, mal sabia ele da minha vida... Depois de tantos acontecimentos, tudo o que passei eu estava ali, como se eu fosse parte deste mundo.
E só eu sabia que eu não era, sabia que por mais que eu estivesse vivendo o sonho da minha vida com o Matteo, sendo a donzela, sabia que uma hora tudo iria acabar, desmoronar e eu teria que me mudar por dentro e por fora mais uma vez.

Todos foram muito amáveis comigo, e para falar a verdade eu consigo cativar as pessoas de um jeito estranho. Como se eu sugasse sua alma aos poucos, me alimentando e vendo a outra pessoa definhar pois eu mesma já morri naquele dia. É tudo parte da encenação.

Passei dias lá com eles, dormia no quarto das meninas e me vestia lindamente. Matteo me levava para passear, e assim os dias passaram. Foi em uma manhã de domingo que ouvi um alvoroço na casa, com vozes alteradas. Era Damian, primo de Matteo que chegara de viagem, cumprimentei-o formalmente após todos da casa darem abraços e beijos nele, um ragazzo de estatura média, beleza média e que sinceramente não simpatizei, mas ainda assim fui o mais cortês que consegui ser. De tarde depois do almoço, Damian contou de suas peripécias na viagem que fizera, eu ouvia tudo com uma desempolgação tremenda, por isso fingi um mal-estar e me recolhi aos meus aposentos, continuando a leitura de algum romance açucarado. Com o tempo o barulho na sala de estar foi cessando e eu me senti disposta a sair para tomar um ar.

Na varanda me deparo com o Damian olhando as estrelas, fato que eu arquivei na memória para pensar sobre mais tarde pois achei curioso. Sentei-me na cadeira de balanço e me pus a observar o começo da noite e aquele ragazzo. Percebi a maneira com que ele olhava para o céu era de quem buscava algo profundo e emocionante, assim como eu tinha feito há muito tempo atrás, embora ele provavelmente tivesse a minha idade.

Me levanto para entrar na casa quando vejo o ragazzo me olhando, esperando, com o olhar precisando de promessas que eu não iria cumprir. Sorri educadamente e fui conversar com meu travesseiro...

Um comentário:

  1. Wow!... Sua escrita amadureceu bastante, Aline! =D Ficou ótimo!
    Estou curiosa para ler o resto.

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