E se esvai no momento seguinte...

domingo, 25 de novembro de 2012

Cap 12 - Máscara

O tempo passou e Damian estava de casamento marcado, meus planos foram por água abaixo e eu apenas o ignorava, mesmo porque nada havia acontecido entre nós além de uns olhares repletos de desejo. Mas eu  não era a opção principal, mais uma vez eu estava marginalizada. Quem iria querer alguém com um passado tão sórdido? Sei que carrego o peso do que aconteceu no fundo do meu olhar, posso aparentar a melhor pessoa, mas no fundo eu sei que eu não sou. Sei cada defeito, cada escolha errada e posso enumerar as vezes que fugi para tentar me preservar embora elas sejam numerosas. Necessariamente eu me tornava cada dia mais distante enquanto vestia a máscara que me protegera tantas e tantas vezes, a frieza de fingir que sou quem eu não sou.

Eu não seria uma segunda opção, não seria o ser desprezado e jogado em qualquer viela ou vala em que eu coubesse. Nunca me contentei em jogar só por competir, meu objetivo sempre foi ganhar e só entrava em jogos e apostas que eu sabia que isto iria acontecer. Mesma coisa competir por homem: desnecessário, dificilmente eu não conseguia quem eu queria, mas também, aqueles difíceis é que atraíam o meu fascínio mais intenso, que corroíam o meu ser e me faziam perguntar: 'porque não?'

No fundo eu não queria partir, mas eu precisava sentir o vento da tempestade modificando significativamente a minha vida. Não pela primeira vez eu me vi correndo pro lado oposto dos meus desejos. Se queria um, corria pra outro. Se queria ficar, fugia. Era um padrão que eu  entendia porque existia e não conseguia quebrá-lo, pois não conseguia admitir para mim mesma quanto mais para os outros. Tudo estava milimetricamente planejado para a minha próxima fuga: a hora, o dia, quais roupas eu iria levar, as palavras que seriam necessárias na carta de despedida para a família. E é claro, o bilhete para o Damian, onde obviamente eu diria o quanto eu sentia muito por matar algo que nunca começou efetivamente, mas não. Não escrevi este bilhete, afinal que tudo ficasse subentendido, seria mais fácil de esquecer: dele me esquecer. Pois o contrário seria praticamente impossível. Não pela última vez eu fugi, na bagagem só precisava de uma coisa: máscara.

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